Retirada do Scipio 1924

Da tempestade para o desmantelamento

Formentera, 5 de julho de 2024

A 14 de agosto de 2024, uma tempestade violenta fustigou a costa de Formentera, provocando numerosos danos materiais. Em Formentera, os efeitos sentiram-se com especial intensidade na costa do Parque Natural de ses Salines e em Cala Saona, onde dezenas de veleiros foram arrancados das suas amarrações e arrastados até encalharem em zonas de elevado valor ecológico.

Quase 11 meses depois, dois desses veleiros continuavam encalhados na costa de Formentera. Um deles era o Scipio 1924, uma embarcação de madeira com quase cem anos de história, que serviu de casa flutuante durante 25 anos ao navegador belga Vincent de Froidmont.

Finalmente, o Consell de Formentera conseguiu retirá-lo. A remoção do Scipio 1924, realizada na passada quinta-feira com o uso de uma grua vinda de Ibiza, teve um custo de cerca de 10.000 euros. O seu destino: o desmantelamento.

O segundo veleiro que ainda não foi resgatado pelos seus proprietários e que permanece sobre as rochas é o Helisara, cuja remoção exigirá trabalhos técnicos mais complexos, devido ao seu tamanho e à dificuldade de acesso ao local onde se encontra. A sua retirada está prevista como o próximo passo no processo iniciado pelo Consell para eliminar as embarcações abandonadas.

A tempestade de agosto de 2024

Na manhã de 14 de agosto, uma frente de chuvas torrenciais e rajadas de vento com força de furacão atravessou Formentera. A tempestade, inesperadamente violenta, provocou graves incidentes no mar, afetando as embarcações presentes na zona.

Dezenas de lanchas e veleiros fundeados ao largo da costa não resistiram ao embate. Entre eles, dois veleiros: o Scipio 1924, que acabou encalhado perto da Cofradía de Pescadores, na zona conhecida como Sa Sequi; e o Helisara, que foi lançado contra as rochas junto ao es Molí de Sal, na praia de Ses Illetes. A cena deixada por tantos barcos encalhados na costa de Formentera foi tão pitoresca quanto trágica.

História do Scipio 1924

Construído em madeira e com cerca de 10 metros de comprimento, o Scipio 1924 era mais do que uma embarcação: era o lar de Vincent de Froidmont, um navegador belga que escolheu o mar como forma de vida. Durante 25 anos viveu no seu veleiro, fundeado em várias zonas da costa de Formentera, até que a tempestade lhe tirou tudo. O seu veleiro ficou encalhado em terra firme e com danos irreparáveis.

Impacto ambiental e custo económico

Embora os veleiros encalhados não tenham provocado derrames visíveis de combustível, a sua permanência prolongada na costa causou um deterioramento progressivo do meio envolvente. A estrutura do Scipio 1924, sendo um casco antigo de madeira, começou a degradar-se e foi alvo de diversos atos de pilhagem no seu interior, gerando resíduos que afetaram a costa.

Neste ponto, o Consell de Formentera assumiu a responsabilidade de gerir a sua remoção com recursos públicos. Trata-se de uma medida de urgência destinada a proteger o ambiente do Parque Natural de ses Salines. No entanto, o custo económico destas operações é significativo.

A via legal para recuperar esses custos passa por declarar as embarcações como resíduos abandonados e iniciar ações administrativas ou judiciais contra os seus proprietários. Na prática, este processo é geralmente lento e complicado, sobretudo quando os titulares não respondem ou não têm meios para suportar os custos. Ainda assim, o Consell insiste que esgotará todas as vias para não deixar impune o abandono e para que quem polui ou abandona embarcações assuma a sua responsabilidade.